terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Momento Clássicos #11 – Orgulho e Preconceito

Sabe aquele livrão de romance, quase uma novela das nove, mas sem a chatice do mimimi? De forma bem resumida, é assim que eu definiria esse livro de Jane Austen.
Sempre tive vontade de ler a autora, mas, pelo tamanho de seus livros e por se tratarem de romances históricos sempre fui adiando, pois tinha certeza que não iria gostar.

Mas resolvi que já estava mais do que na hora de dar uma chance à leitura e não me arrependi... O que é a escrita da Jane Austen?
Sim é um romance, sim existe um caso de amor conflituoso que vai se desenrolando ao longo da trama, ocorrem situações contra esse amor que precisa superar obstáculos, no caso “muitos orgulhos e preconceitos”, mas ela consegue transformar esses clichês em algo muito maior.
Ela não escreve uma simples história de amor, ela escreve, de forma um pouco velada por conta da época, uma crítica social e de gênero muito interessante, focada principalmente nas personagens da mãe, das irmãs e da futura sogra da personagem principal, Liz Benet.
Já sua personagem principal (e pelo que pude entender, sempre são mulheres) é de uma força, de uma genialidade pouco vista e pouco retratada nos personagens femininos da época (e também em muitos romances contemporâneos).
E sobre o personagem principal masculino, sério, se você se apaixonou pelo perturbado do Gray, é porque você não conhecia o Mr. Darcy.
Super recomendo a leitura!

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Resenha 18# Ladrões ou frutos de uma sociedade excludente?

Capitães da Areia, do Jorge Amado foi minha primeira leitura de 2015, era um livro que queria ler já há algum tempo e não me decepcionou.
A linguagem do Jorge Amado é muito fluida, você lê 50 páginas em uma sentada, a história é muito envolvente.
É uma história romanceada, mas o fato é real. Os capitães da areia eram crianças abandonadas (seja órfãos ou frutos de famílias mal estruturadas), que acabaram se encontrando e formando o grupo “os capitães da areia”, era aproximadamente 100 crianças, sendo que 40 delas moravam num trapiche na beira do mar.
Conta a história que Jorge Amado passou semanas dormindo junto com esses meninos para contar sua história.


“Vestidos de farrapos, sujos, esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente”

Os capitães da areia tem entre 9 e 16 anos e ler o que essas “crianças” faziam para sobreviver, é muito triste.
Eles sobrevivem roubando, furtando, dentre outros tipos de golpes.
E ai você entra num questionamento, eles são mero ladrões ou frutos de uma sociedade excludente?
O que eles podiam fazer da vida? O leitor poderia dizer que eles deveriam ir para orfanatos ou reformatórios, mas, Jorge Amado faz questão de nos mostrar também como era essa realidade: lugares horríveis, em que não havia comida suficiente, recebendo castigos corporais severos, assim preferiam estar nas ruas.
São vários personagens e é muito interessante como o autor consegue mostrar a realidade de todos eles e como cada um tem a sua forma de expressar o que sentia, assim como seus desfechos: alguns muito felizes, outros muito trágicos.

“Todos procuravam um carinho, qualquer coisa fora daquela vida, o Professor naqueles livros que ele lia a noite toda, o Gato na cama de uma mulher da vida que lhe dava dinheiro, o Pirulito na oração que o transfigurava, Brandão e Almiro no amor na areia do cais, o Sem Pernas sentia que uma angustia o consumia e não conseguia dormir”.

Vai falar sobre outros nichos de pobreza na Bahia, nas docas e nos morros e como eles sobreviviam.

O que mais me espantou é saber que foi baseado em historia real e que crianças de nove anos fumam, bebem, estupram e roubam para sobreviver... Mas pra sobreviver? Será que era necessária tanta violência? Pra onde caminha essa sociedade?
Foi um livro muito bacana, gostei demais e quero ler mais Jorge Amado.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Livros lidos #11 – Janeiro/2015

Olá pessoal, tudo bem?
O post de hoje é para registrar as leituras que fiz no mês de janeiro e foi um mês muito bom em quantidade e qualidade dos livros lidos. Confesso que esperava ler menos, mas acabou que as leituras fluíram e pretendo resenhar todas durante esse mês.

Capitães da areia, Jorge Amado: Iniciei o mês com literatura nacional de altíssima qualidade, li Jorge Amado há muito tempo e essa obra me fez lembrar porque gostei tanto do autor, sua escrita é incrível, o enredo é envolvente e me trouxe muitas reflexões.

Depois li Orgulho e Preconceito, meu primeiro contato com Jane Austen e posso dizer que mesmo não curtindo tanto romances, me rendi a sua escrita. Achei algumas partes muito longas mas de forma alguma desnecessárias. Com certeza romance de muita qualidade, com questionamentos sociais e personagens muito marcantes.

Em seguida tive meu primeiro desapontamento do ano, Coisas Frágeis 2, Neil Gaiman. Já tinha lido um livro dele e gostado bastante, mas esse não foi uma boa experiência. São contos e poemas do autor e, gostei apenas de 3, entre mais de vinte apresentados.

Depois eu li O Hobbit, J.R.R.Tolkien, foi minha primeira experiência com Tolkien e, apesar de achar que é um livro bom e bem escrito, não me prendeu, não me faz querer ler mais coisas sobre ele. Dessa vez vou preferir os filmes.

E terminei o mês com outra grata surpresa, Budapeste, Chico Buarque: me encantei pela escrita do Chico, me identifiquei muito com a história que vai contar sobre um escritor anônimo, sua vida e seu processo criativo.

Acredito que foi um ótimo mês de leituras, e vocês o que leram?

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Resenha 17 # Reparação

Oi pessoal, tudo bem?
Vim falar um pouquinho do incrível Reparação, do autor Ian McEwan.
Esse é um livro que eu tinha muita curiosidade e expectativas altíssimas para ler e que não me decepcionou, e, nas últimas páginas me arrebatou, tornando-se um dos favoritos da vida.
O livro é dividido em 3 partes e acredito que consigo falar apenas da primeira, para não dar spoilers.

É um romance histórico que vai trazer um drama da família Tallis.
A protagonista da história é Briony, aos 14 anos e é uma aspirante a escritora, ela escreve já faz um tempo e gostei muito da experiência de acompanhar esse processo criativo dela enquanto romancista.
Seu pai trabalha pro governo e está sempre muito ocupado. A mãe é uma pessoa que mesmo perto se faz muito ausente e está sempre doente.
A irmã Cecília acabou de voltar da faculdade, formada em literatura e o irmão está chegando de viagem, acompanhado de um amigo.
Há ainda um vizinho, chamado Turner, filho da empregada da casa e que tem seus estudos custeados pelos Tallis.
Cecilia e Turner desenvolveram desde a infância um amor platônico e, ao encontrarem-se após a faculdade esse amor vem a tona e aí as coisas começam a acontecer.
Um crime acontece e Briony, parte pela imaginação de escritora, parte por fragmentos descontextualizados que viu e parte por conta de uma carta errada que chega em suas mãos vai incriminar Turner.
Essa acusação vai mexer com a vida da família inteira e, ao perceber seu erro Briony passará o resto da vida tentando “reparar” o que fez e é muito bonito ver o desenvolver dessa história e de seus personagens.
Fora o drama, temos como pano de fundo o cenário da Segunda Guerra Mundial, descrito ora por soldados, ora por enfermeiras, o que é bem interessante.
A escrita do autor é muito boa, me envolvi completamente e o final, como já disse, é surpreendente e arrebatador.
Um livro e um autor que valem muito a pena conhecer.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

HQ # 4 – Maus: a história de um sobrevivente


Desde quando comecei acompanhar canais literários despertei a vontade de ler quadrinhos, pois, como já disse aqui algumas vezes, não tenho lembrança de ler gibis quando criança.
E foi interessante observar que, primeiro li Retalhos que é autobiográfico, comprei Persépolis que sei que é autobiográfico e Maus eu não sabia, mas, de certa forma também traz um pouco da biografia do Art Spiegelman.
O quadrinista vai contar a história do pai dele, que é um judeu sobrevivente da Segunda Guerra e, em muitos trechos Art vai se desenhar, retratando essa relação com os pais que sobreviveram da guerra, como isso afetou ele também, como foi a repercussão da primeira edição do Maus.
Vale ressaltar que essa foi a única HQ até hoje a vencer o Pulitzer, como melhor livro, porque não existe a categoria HQ.
Vamos entrar em contato com a história de Vladeck e Anja, os pais do Art, como se conheceram, como era a vida dos judeus antes da guerra, como eles viram a guerra começar, todos os campos de concentração em que eles passaram e as manobras que Vladeck conseguiu fazer para que os dois sobrevivessem e todas as consequências disso.
É uma história pesada do início ao fim, em questão de realidade e peso é uma das melhores coisas que eu já li sobre Segunda Guerra. O traço não tem nada demais, mas ao mesmo tempo te transporta pra perto dos personagens.
Art não desenha os personagens como pessoas, ele desenha por raças, elas eram todas iguais de acordo com suas raças. Os judeus são desenhados como ratos , os alemães como gatos (que caçam ratos) e os poloneses como porcos (acredito que pelo fato de ter sido um povo que traiu os judeus para salvar a própria pele)
Dentro da HQ Maus, vai aparecer outra HQ, chamada “Prisioneiro do planeta inferno: a historia de um caso”, que foi um quadrinho que Art fez para contar sobre a morte da mãe dele, que foi uma sobrevivente, mas que morreu depois de forma muito trágica e que mexeu com a estrutura familiar e com a relação dele com o pai.
São vários momentos muito interessantes e chocantes retratados, é uma HQ muito boa e, apesar de toda a carga dramática e ser um livro pesado, em muitos momentos eu ri, porque o Vladeck se tornou uma pessoa muito afetada pela guerra (e sim, isso não devia ser comico, mas é), e o filho e a nora não tem muita paciência, e as cenas entre pai e filho acabam sendo engraçadas.
Recomendo demais!

Título: Maus: a história de um sobrevivente
Autor: Art Spiegelman
Editora: Quadrinhos na Companhia
N. de páginas: 296

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Momento Clássicos #10 – Mrs. Dalloway

Foi com a certeza de que preciso ao menos uma releitura para compreender a totalidade da obra que terminei Mrs. Dalloway da Virgínia Woolf no ano passado (em outubro).
Preciso destacar essa edição maravilhosa da Cosac com capa dura, tamanho de letra bacana, com fotos da Virgínia, posfácios, sugestões de leitura, pertencente a coleção Mulheres Modernistas.
Mrs. Dalloway é um clássico e consta em duas das minhas listas de desafios literários. Demorei um tempo pra começar a ler e como disse anteriormente acho que são necessárias releituras para compreender tudo o que ela quis passar. Por mais que eu tenha feito uma leitura calma e lenta e tenha feito muitas marcações, ainda acredito que deixei passar muita coisa.
“Mrs. Dalloway disse que ela mesma iria comprar as flores”, vai contar um dia na vida da Clarissa Dalloway. O começo da narrativa e até o leitor se encontrar, pra mim, foi muito confuso, pois trata-se de um fluxo de consciência. Até Mrs. Dalloway chegar à floricultura você já conhece muitos personagens, suas características e o que os personagens evocam nela.
Você precisa acompanhar e até se encontrar é um pouco difícil.
O livro vai retratar uma Londres do anos 20, com seus costumes, sua sociedade e sua realeza. Os personagens principais são a Clarissa Dalloway (que eu achei um pouco inconstante, um pouco infeliz, chiliquenta e um pouco fútil demais), casada com Richard Dalloway, personagem que eu gostei muito, ele é apaixonado, educado, constante, um personagem masculino romântico.
Outro personagem é o Peter, um ex-namorado da Clarissa e fica um pouco claro que eles ainda se gostam, mas ele consegue ser mais inconstante do que a Clarissa.
E o outro personagem com grande importância na história é um veterano da primeira guerra, com perturbações mentais e que vai protagonizar uma das cenas mais reflexivas.
O livro tem uma narrativa constante e cheia de detalhes, a escrita, os ambientes e os personagens são muito elegantes. Se você quer se aventurar com Virgínia, alerto que não é uma leitura fácil, mas com certeza é muito recompensadora.

Título: Mrs. Dalloway
Autor: Virgínia Woolf
Editora: Cosac Naify
N. de páginas: 224
Nota: 04

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Atualização desafios literários #6 - janeiro/2015

Olá pessoal, tudo bem?

Hoje vim fazer a atualização dos desafios literários referente ao período de 10/12 a 10/01.Preciso contar pra vocês também que eu parei com o desafio dos 100 essenciais da literatura internacional. E pretendo, assim que conseguir adquirir o livro com a lista, iniciar "por que ler os contemporâneos".

Mas então vamos aos lidos nos desafios atuais.

Lidos para os desafios Rory e 1001 livros:

Reparação, Ian McEwan - li esse livro no final de dezembro e ele entrou fácil nas melhores leituras que fiz na vida, trata-se de um drama familiar/romance de época, com personagens muito bem construídos, com muitas referências a 2 Guerra Mundial e um final surpreendente. Em breve tem resenha aqui!

Lidos para os desafios dos 1001 livros e dos 100 essenciais da literatura nacional

A paixão segundo G.H., Clarice Lispector - essa foi a minha última leitura do ano e só fez confirmar meu amor por Clarice, mesmo sendo uma leitura um pouco mais complexa, é deliciosa.

Lido para o desafio dos 1001 livros

Capitães da Areia, Jorge Amado - foi a minha primeira leitura do ano e me conquistou. A história, a narrativa, a construção dos personagens, as reflexões que me causou, um clássico da literatura nacional que deve ser lido e em breve tem resenha aqui!


Atualmente estou lendo Orgulho e Preconceito da Jane Austen que figura nas listas da Rory e dos 1001 livros. E vocês, andam lendo o quê?